segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Lauryn Hill & The Fugees




Let’s go back to old school?

Ready or not, here I come, you can’t hide… 

… Gonna find you and take it slowly…




Slowly, slowly… É assim que eu gosto de sentir o groove desta música… Mas antes de falarmos dos The Fugees, avancemos um pouco mais, até ao ano de 1998, quando Lauryn Hill se lançou a solo com o seu primeiro (e único) álbum – “The Miseducation of Lauryn Hill”.

Este álbum valeu-lhe 10 nomeações para os Grammy Awards, dos quais venceu 5, tornando-a na primeira artista feminina a receber o número máximo de nomeações bem como, prémios, nessa mesma noite.
 
Eu comprei este disco nesse ano, sem saber o que era R&B, apenas e só por esta música:



Na altura, constava da minha estante de CDs a mais variada panóplia de hits do momento, habituais para uma adolescente de 14 anos.  Falo de por exemplo: Bon Jovi, Aerosmith, Backstreet Boys, Spice Girls, Ace of Base… entre outros. Nessa idade ainda não sabia o que era o soul ou o R&B, mas algo dentro de mim já o devia saber… pois o que é certo é que gostei muito de todo o álbum. Alguns anos mais tarde, fui novamente à estante dos CDs e voltei a ouvi-lo, desta vez com uma maturidade diferente. Redescobri-o e passei de gostar, a adorá-lo.




Lauryn Hill tem 37 anos, nasceu em New Jersey (EUA) e tem como profissões: cantora, compositora, produtora, rapper e actriz. Esta mulher, que respira música e transborda talento, iniciou o seu percurso no meio artístico na década de 90, quando foi convidada pelo seu colega de faculdade Pras Michel a fazer parte do projecto musical que o mesmo pretendia criar – The Tranzlator Crew. Mais tarde, junta-se a eles o amigo de infância de Pras - Wyclef Jean, e forma-se assim o trio que daria origem aos The Fugees

A alteração do nome inicial para Fugees deveu-se ao facto de tanto Pas como Wyclef serem Haitianos (e Lauryn descendente de) e na América os Haiti-Americanos serem designados pejorativamente de Refugiados (Refugees), daí surgiu o nome Refugee Camp e por fim, The Fugees.

Este grupo tem como estilos musicais o Hip Hop, o Soul e o Reggae. Lançaram o seu primeiro álbum em 1994 – “Blunted on Reality”, mas foi com o segundo álbum “The Score” (1996) que atingiram o verdadeiro sucesso.


“The Score” é um dos álbuns de hip hop mais vendidos de sempre, vencedor de um Grammy para melhor álbum de Rap e outro para melhor performance de R&B, com a múscia Killing Me Softly”. Esta música, que constitui um cover do original de Lori Lieberman, também interpretada por Roberta Flack, foi o maior êxito da banda.




Para além deste cover, o álbum conta também com outro bastante famoso – No Woman, No Cryde Bob Marley e uma versão dos The Delfoncis com o já apresentado "Ready Or Not”. A título de curiosidade, deixo-vos aqui o vídeo da versão original dos The Delfonics, para perceberem como foi excepcionalmente bem conseguida a versão desta música. Acontece-me várias vezes gostar de músicas de hip hop e, mais tarde, aperceber-me em algumas das minhas pesquisas, que são inspiradas em samples de músicas soul antigas. Adoro! Adoro perceber a influência que o soul tem no hip hop e constatar como estes dois estilos funcionam bem juntos! 





Não esquecer também o primeiro single deste álbum - "Fu-Gee-La”, mais uma vez, inspirado no tema de Teena Marie - “Ooo La La La” (1988), de onde surgiu o famoso refrão. Novamente, brilhantes os The Fugees.



Em 1997 os elementos desta banda decidem dedicar-se a projectos a solo, tanto como músicos bem como produtores. Nos anos que se seguiram ainda realizaram algumas performances juntos, contudo, não voltariam a editar mais nenhum trabalho.

Voltamos novamente a 1998 e a Lauryn Hill com o seu “The Miseducation of Lauryn Hill”, um álbum de neo soul que incorpora os estilos R&B, hip hop, reggae e soul. O nome do álbum foi inspirado no livro de Carter G. WoodsonThe Mis-Education of the Negro” e no livro e filme autobiográfico – “The Education of Sonny Carson”.

Além dos Grammys que lhe valeu a Lauryn Hill, este disco foi também um sucesso de vendas (8 discos de Platina nos EUA) e altamente aclamado pela crítica. O mesmo conta também com colaborações preciosas como é o caso de D’Angelo (“Nothing Even Matters”), Carlos Santana (“To Zion”) ou Mary J. Blige (“I Used To Love Him”). 

Este álbum é tão genial, tão rico… que poderia fazer um post por cada música! Gosto particularmente dos interludes que enfeitam o mesmo, fazendo-nos sentir como se voltássemos à escola e nos encontrássemos numa sala de aulas, onde o tema discutido é o Amor. 

Os temas deste álbum foram escritos por Lauryn num momento de grande inspiração, quando esta se encontrava grávida do seu primeiro filho (Zion), fruto da sua relação com Rohan Marley (filho de Bob Marley). Além da gravidez,  influenciaram também as suas letras a relação conturbada com os The Fugees, aquando da sua separação. Assim, no tema "I Used to Love Him" Lauryn refere-se ao seu antigo relacionamento com o também membro do grupo, Wyclef Jean, e em “To Zion” fala-nos da sua decisão em ter o seu bebé, mesmo quando todos a incentivavam a abortar, temendo que este interferisse na sua carreira.

“Lost Ones” é o tema que abre o álbum. O mesmo não poderia começar de melhor forma, com força, ritmo e muito hip hop e reggea à mistura. Dizem que esta música reflecte algum ressentimento por parte de Lauryn relativamente aos The Fugees... independentemente de ser verdade ou não, para mim reflecte a força e determinação que esta mulher tinha com apenas 23 anos e a forma como conseguiu provar, com classe e talento, que o Hip Hop não é apenas um estilo reservado ao sexo masculino.



O primeiro single a ser lançado, “Doo Wop”, é um dos meus temas preferidos do álbum. Para além de adorar a melodia, que reúne o hip hop e o soul no seu melhor; gosto imenso da letra, que aborda os dois lados de um relacionamento (o masculino e o feminino) de forma divertida e verdadeira ao mesmo tempo. De realçar a intemporalidade da música e também, das relações, cuja essência prevalece a mesma. Gosto igualmente do videoclip desta música! O mesmo foi filmado em Manhattan, onde foram criados dois cenários em contextos temporais diferentes: um transporta-nos aos anos 60 e à música que se ouvia na época (o soul e o doo wop); o outro representa a actualidade e a cultura hip hop que se faz sentir nas ruas. A fusão de ambos consiste, precisamente, no neo soul.



Em “Superstar” está presente, de forma muito suave, o clássico “Light My Fire” (The Doors) e ao mesmo tempo, está claramente implícita uma critica à figura de uma indústria musical que denigre os artistas.

Em When It Hurts So Bad” sentimos os ritmos quentes da Jamaica onde aliás, foi gravado parte do álbum. 

“Every Ghetto, Every City” soa-nos, indiscutivelmente, a Stevie Wonder! (So Damn funky!!) Aqui Lauryn fala-nos, de forma alegre, da sua infância.

O terceiro single lançado - “Everything Is Everything” (o segundo foi “Ex-Factor”), consiste novamente num tema cheio de força, com uma Lauryn activista e lutadora. O mesmo conta com a participação do então não conhecido John Legend.




Para o final, deixo as baladas (e que baladas!)… é que Lauryn consegue fazer as duas coisas na perfeição! Ora põe-nos a dançar ao flow do seu hip hop viciante, ora envolve-nos ao som das suas melodias calmas. Muito ao estilo de Roberta Flack, que já a acompanha desde o tempo dos The Fugees, surge este maravilhoso “Nothing Even Matters”, que não poderia ser tão maravilhoso, caso não contasse com a colaboração do igualmente maravilhoso - D’Angelo.




“Tell Him” é um secret bonus track que deveras me encantou… tudo aquilo que às vezes queremos dizer-lhe, o diz esta música.




Actualmente, Lauryn encontra-se em New Jersey, onde vive com a sua mãe e os seus cinco filhos. Após o grande sucesso que atingiu com este álbum, Lauryn preferiu afastar-se da fama e do lado negro que advém da mesma. Contudo, são muitos os que aguardam esperançosamente que ela pegue no seu antigo álbum e continue o magnifico trabalho que começou.

Penso que o seu regresso será para breve uma vez que, a mesma anunciou em Setembro deste ano o seu novo single "Black Rage". Entretanto, e enquanto isso não acontece, aconselho-vos vivamente a ouvirem este álbum. Saboreiem toda a diversidade de sons e estilos que este tem para vos oferecer e sintam a personalidade forte que a talentosa Lauryn Hill fez questão de vincar em cada música. Está no meu Top 10, como um dos melhores álbuns de sempre!

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