Raphael Saadiq

Este post vem em sintonia com um pedido especial, de uma pessoa também especial e querida para mim.

Aproveito a deixa para dizer-vos que devem sentir-se à vontade para comentar este blog com as vossas opiniões sobre os posts, artistas, músicas.. (whatever!) e fazerem também pedidos de posts sobre músicos que gostassem de conhecer um pouco melhor e que, obviamente, se enquadrem neste formato.

Concluindo: Gente, este blog é meu mas também é vosso! Aliás, é mais para vocês que eu escrevo por isso sintam-se à vontade para intervir! 

Posto isto, vamos ao que interessa…

Raphael Saadiq é um cantor de R&B que aprecio bastante e cuja carreira tenho vindo a acompanhar há algum tempo. O seu verdadeiro nome é Charles Ray Wigginsde, tem 46 anos, nasceu na Califórnia (EUA) e para além de cantar também toca guitarra, compõe e produz música.

Raphael Saadiq começou como muitos, fazendo parte de um grupo de Gospel ainda em adolescente. Ao completar 18 anos, adoptou como nome artístico “Raphael” e integrou como guitarrista na banda de Prince, acompanhando-o na sua tournée pela Europa e Ásia durante 2 anos. Segundo o próprio, esta experiência constituiu “a sua escola” no meio musical.

Após terminar a tournée com Prince, Saadiq iniciou a sua carreira formando o grupo “Tony!Toni!Toné!” – um trio constituído em 1987 juntamente com o seu irmão e o seu primo, que obteve alguns êxitos durante a década de 90. No decorrer deste projecto, Raphael juntou ao seu nome o apelido Saadiq (que significa “homem de palavra” em Árabe) e até hoje é assim reconhecido. 

Em 1999 nascem os Lucy Pearl, um supergroup* de música R&B formado inicialmente pelos músicos Raphael Saadiq e D'Angelo sendo que, D'Angelo cedo teve que abandonar este projecto devido a incompatibilidades de agendas.

Para além de Raphael Saadiq, Lucy Pearl teve como membros Dawn Robinson (cantora de Soul e R&B mais conhecida enquanto membro da girls band Americana da década de 90 – “En Vogue”) e Ali Shaheed Muhammad (Rapper, Dj de Hip Hop e Produtor Americano, mais conhecido por fazer parte do grupo “A Tribe Called Quest” juntamente com Questlove, também nos anos 90).

Os Lucy Pearl apenas lançaram um álbum no ano 2000, auto-titulado “Lucy Pearl” e que constitui para mim um álbum de R&B fantástico!

Este álbum reúne efectivamente, as sonoridades de R&B que se faziam nos anos 90, mais próximas do chamado R&B "Old School”. As melodias são magnificas, ritmadas e envolventes como se quer no R&B, e a combinação destas 3 vozes funcionou na perfeição, trazendo muito groove e sensualidade a este trabalho. 

Os seus dois primeiros singles foram “Dance Tonight” e “Don’t Mess With My Man”. Ambos merecem ser escutados e ambos dão-me vontade de dançar quando os oiço.

 

Para além destes dois temas, destaco também a balada romântica “Without You” e a música que contou com as colaborações especiais dos rappers Q-Tip e Snoop Dogg - “You”.

Infelizmente, os Lucy Pearl duraram pouco tempo, talvez por objectivos pessoais divergentes entre o grupo, deixando-nos apenas este único álbum. 

Saadiq seguiu o seu caminho e em 2002 fundou a sua própria Editora (Pookie Entertainment) e lançou o seu primeiro álbum a solo – “Instant Vintage”, do qual destaco o dueto “Be Here” com o seu amigo D’Angelo. Em 2004 lançou um novo trabalho“Ray Ray”, mas é do seu álbum editado em 2008 “The Way I See It”  que eu quero falar-vos.

 

Este álbum mostra um Raphael mais maduro do que vimos em Lucy Pearl, com um estilo próprio mais vincado e fortemente influenciado pelo Soul clássico da Motown.  Para além da sua música, Saadiq adoptou também a “era Motown” à sua imagem dando-lhe um estilo Soul Vintage, e aos seus concertos, acompanhando as suas músicas com passos de dança similares aos da época.

Este trabalho foi bastante elogiado pela crítica e os seus singles estiveram durante largos períodos nas tabelas de êxitos Americanas como é o caso da Billboard.

Conta com as colaborações de Joss Stone, Jay-Z e o inigualável Stevie Wonder. Foi difícil para mim escolher os temas a apresentar-vos deste álbum, pois todo ele é composto por músicas muito bem conseguidas e cheias de um Soul renovado. Acabei por decidir-me por aquelas que a meu ver possuem mais… Groove! ;)

“100 yard Dash” – Muito funky esta música, com a guitarra de Saadiq bem presente.

 

“Love That Girl” – Ao estilo dos “Temptations”, impossível não ter vontade de estalar os dedos ao som desta música que é também, uma das mais doces que conheço.

 

“Let’s Take a Walk” –  Aqui temos Soul e uma proposição bem explícita de Raphael.  

 

E claro, a minha preferida… “Never Give You Up”, onde a harmónica de Stevie Wonder leva-nos de volta aos 70’s.

Não deixem também de ouvir os temas “Just One Kiss” (dueto com Joss Stone) , “Big Easy” e  “Staying in Love”. Pensando melhor… oiçam o álbum todo!

O seu quarto e último trabalho – “Stone Rollin’” (2011) constitui outro problema de selecção para mim, pois é um álbum igualmente bom e completo. 

Este disco é uma continuação do seu anterior trabalho “The Way I See It”, apresentando também uma base sólida de Soul clássico mas expandindo-se a partir daí para outras sonoridades como o Funk, o Rock e o Blues, tornando-o  mais contemporâneo.

Por forma a enveredar com êxito nos diferentes registos, o cantor contou com a colaboração de músicos conceituados como por exemplo os pianistas Larry Dunn (dos Earth, Wind and Fire) e Amp Fiddler, a cantora Yukimi Nagano (dos Little Dragon) e o baixista Funk Larry Graham. 

Do mesmo seleccionei 4 temas que reflectem bem a diversidade do álbum.

No seu primeiro single “Radio” é perfeitamente visível a presença do Rock and Roll dos anos 50 e 60, diria até mesmo do estilo Rockabilly. Raphael dá uso às suas guitarras criando um Soul enérgico e dançável.

A música que dá nome ao álbum é simplesmente sensacional! "Stone Rollin'" é uma mistura perfeita entre o Soul e o Blues num contexto musical actual. Esta é para mim das melhores músicas de Raphael Saadiq e talvez, das mais sensuais que ouvi nos últimos tempos! A harmónica que acompanha a música bem como a bateria que marca o compasso, torna-a explosiva e com o Blues dirty, sexy&hot que Saadiq queria transmitir. Adoro! E o videoclip faz jus à música.

“Movin’ Down the Line” apresenta-nos um registo mais calmo, parecido com o Soul produzido no seu anterior trabalho ainda que, com arranjos mais modernos. Uma música suave, com uma letra bonita e uma melodia agradável.

 

Por fim, “Good Man”- Puro Soul com uma pitada de Hip Hop por parte de Taura Stinson, a quem se deve o refrão desta música . A luta interior de um homem entre o amor que sente pela sua mulher e a desilusão que lhe causou a sua traição. 

“I’m a good man, food on the table

Working two jobs, ready, willing and able, check

Good man, up having fun

Got no kids and I love the Lord, check

Good man, I’m monogamous

Never did time well, maybe just once, check

Good man and I puts it down

Wanna say it twice but I puts it down, check”

 

Quando entrevistado acerca do porquê deste nome para o seu álbum, Saadiq responde:

"Stone Rollin' basically symbolizes the action of throwing dice and taking chances with life. That's what I've done my whole career—taking chances with different styles of music and making choices that other people would be afraid to take. Stone Rollin' means I'm going all the way out there this time"

Que bom saber que existem pessoas com talento e que ao mesmo tempo são arrojadas, que não se limitam a fazer apenas aquilo que sempre conheceram ou souberam fazer bem, mas procuram fazer mais além, sair da zona de conforto e criar coisas novas e igualmente boas.

 Hajam mais “Raphaeis Saadiqs” pelo mundo! Eu agradeço.

*Denominação de um grupo formado com elementos que individualmente já possuem uma carreira musical.