Boa noite Soul lovers.
Estes últimos dias têm sido… atribulados. Bons, mas atribulados. Não tenho tido o tempo suficiente que gostaria para dedicar-me ao meu amado blogue. Contudo, no passado sábado
tive uma experiência tão encantadora e inesquecível, que acho injusto não partilhar
convosco o que foi para mim, Lucélia Fernandes, o bonito e sincero
concerto do nosso querido Soul brother, Cody Chesnutt.
Pois bem, a verdade é que se querem saber o alinhamento do concerto, esqueçam! Aqui não se vai falar sobre isso. Fotografias? Também não tirei. Até levei
a máquina fotográfica e cheguei por vários momentos a agarrá-la dentro
da minha mala, com o intuito de retirá-la e registar algum daqueles momentos tão
bons que estava a viver. No entanto, simplesmente não o consegui fazer… Estava
literalmente vidrada em tudo o que se estava a passar no palco e à minha
volta. Fiquei hipnotizada, entorpecida, extasiada com as emoções que surgiam em
catadupa e limitei-me apenas a viver o momento, a saboreá-lo no seu mais ínfimo
pormenor e a guardar as recordações no melhor sítio no qual elas poderiam ficar, o
meu coração.
Ok, pelo menos, lembro-me que foi esta a primeira música do
concerto! :)
Em Dezembro do ano passado, como vocês bem se lembram, já tinha
assistido a um maravilhoso concerto de Cody Chesnutt no festival Vodafone
Mexefest, o que me deixava um pouco receosa relativamente a este
concerto no Ritz Clube. Embora estivesse com vontade de assistir a mais uma
performance de Cody, temia que não houvesse grande diferença face ao seu
anterior concerto e que o espectáculo se tornasse um bocado “mais do mesmo”. Ainda assim, fui para o concerto de
espírito aberto, sabendo que, independentemente de haver efeito surpresa ou não, seria
uma fantástica noite de Soul!
À medida que o concerto ganhou vida, apercebi-me, de todo,
que não havia razões para temer! É que Cody é puro. Puro no seu amor pela música, na forma em que pisa o palco, puro na forma em que lida com o mundo.
A primeira diferença face ao seu anterior concerto foi: a
banda! Ao contrário do Mexefest, neste concerto Cody esteve acompanhado dos
seus músicos originais. E acreditem, tanto percebemos quando um cantor se sente sozinho em
palco, como quando está em perfeita sintonia com os seus músicos.
Se bem que, no caso de Cody, tal não é um factor chave, pois ele sabe valer-se por si só. Consegue chegar até nós e ser caloroso, seja pelas suas palavras, seja pelos seus
gestos, seja pela sua voz.
Todavia, com ou sem a sua banda, nessa noite era impossível Cody sentir-se sozinho… E aqui chegamos à segunda diferença entre os dois concertos: o público! É certo
que o seu público desta vez era muito mais “direccionado". Contudo, tal
como o próprio o disse, naquela noite fomos muito mais que um público, naquela noite fomos membros! E agora pergunto eu: como não sê-lo??!! Como não ser contagiados por aquela energia? Como não ficar rendidos ao feitiço de Cody? As pessoas que se dirigiram
no passado sábado à noite ao Ritz Clube queriam uma coisa: Soul! E tiveram-no. Na sua mais
pura essência, recordando-nos, por vezes, a magia de um Marvin Gaye de outros
tempos…
Quem lá esteve, percebe perfeitamente aquilo que estou a
falar… e é tão boa esta cumplicidade que se gera entre pessoas que presenciaram
estes mesmos raros momentos.
Para quem não esteve, vou tentar explicar-vos da melhor
forma, de modo a garantir que vos convenço a (por favor!) assistirem a um próximo
concerto de Cody Chesnutt em Portugal!
Assim sendo, não querendo tornar-me repetitiva face ao meu anterior
post sobre o Mexefest, mas já o sendo, aqui estão as razões pelas quais devem assistir a um concerto de Cody Chesnutt:
Porque a sua voz é maravilhosa, e quando a ouvimos revivemos
um pouco dos clássicos do passado, recordando-nos os "Curtis e Marvins" que tanto amamos.
Porque as suas melodias constituem um Soul doce, que nos
transmite alegria e coisas boas, e vontade de dançar, estalar os dedos e bater o
pé.
As suas letras, por sua vez, são reais, conscienciosas,
sinceras… transmitem humanidade, com tudo de bom e preocupante que esteja inerente. Acima de tudo, reflectem a vida de Cody e contam como a música o
salvou em determinados momentos desta. O próprio Cody contou-nos essas histórias no
concerto... E aqui reside a razão mais importante que, para mim, me levaria a
assistir a um dos seus concertos: a sua capacidade de chegar até nós, de nos tocar, comover, sensibilizar e apaixonar.
Na passada noite de sábado, Cody teve o meu coração.
Temas como este, foram motivo para pôr Cody à conversa
connosco. Uma conversa descontraída, na qual o mesmo contou-nos como a música
salvou o seu casamento de 15 anos, num momento em que não conseguia comunicar mais
com a sua mulher.
Outro momento do concerto foi quando manifestou a sua preocupação relativamente ao crescimento dos seus filhos no mundo actual em que vivemos, perguntando-nos ora alto, ora num sussurro: “Where Is All The Money Going?”.
Outro momento do concerto foi quando manifestou a sua preocupação relativamente ao crescimento dos seus filhos no mundo actual em que vivemos, perguntando-nos ora alto, ora num sussurro: “Where Is All The Money Going?”.
Ou quando desceu do palco, cantando e dançando no meio de nós…
que privilégio dar a mão novamente àquele senhor... poder assistir de tão perto
a algo que tanto amo e respeito. Que privilégio, que alegria… por muito que
goste de escrever, nunca encontrarei palavras suficientes para o descrever.
Resumindo, Cody entrega-se! É verdadeiro, genuíno, tem Soul,
tem groove, tem amor à sua música e faz questão de transmiti-lo, partilhando
connosco também a sua vida que, ao fim de contas, acaba por ser também, a sua música.
E pronto, não vos maço mais… apenas referir que o seu encore foi um miminho. Cody regressou a
nós com a encantadora “Chips Down (In No
Landfill)”, uma música pela qual eu muito ansiava neste concerto! Na mesma
pede-nos para ignorarmos todas as distrações que possamos ter naquele momento,
para esquecermos o facebook, largarmos o telemóvel e, simplesmente, vivermos o momento.
Pede igualmente para que se acendam todas as luzes e, dessa forma, poder ver ver as nossas caras, olhar
nos nossos olhos. Que belo momento… instala-se na sala um sentimento de
harmonia completa e a mim só me apetece... sorrir.
Por fim, ele e os seus músicos ainda nos presenteiam com um
enérgico e contagiante tema ao estilo do bom country-blues, para depois fechar ao som de “I’ve
Been Life”, que encerra o concerto levando-nos primeiro ao rubro, para de
seguida acalmar o nosso coração em jeito de despedida, com a sua última música, “Thank
You”.
Mais uma vez, eu é que agradeço, Cody, eu é que agradeço.
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