Esta senhora tem-me feito companhia nas últimas noites.
Tem-me sabido bem contar com a sua voz quente e com a sua “solidariedade
feminina”... É que esta “big mama” põe toda a sua alma e coração
nas canções que nos canta. A sua música, tal como ela, é poderosa, intensa,
sensual e extremamente feminina. As suas canções são muito pessoais, muito “suas”…
revelam-nos dúvidas, receios e pensamentos de uma mulher madura, sensível e com
personalidade, como ela o é. Nós (e agora remeto-me para o público feminino) identificamo-nos com a sua música, pelo facto da mesma abranger temas tão reais e tão
usuais para nós mulheres, totalmente aprazíveis à nossa sensibilidade feminina.
Para que comprovem o que vos digo, das músicas de Jill Scott que
me têm acompanhado nas últimas noites, especialmente no meu carro, no meu
regresso a casa, deixo-vos aquela cujo play tem tocado mais vezes – “Le Boom Vent
Suite”. Dos 9 minutos que compõem esta música, são tão vulneráveis as sonoridades
e os estados de espírito que a atravessam, que gosto de parti-la em 3 partes.
Assim sendo, a minha sugestão é: entrem no ritmo forte da música com os
primeiros 3:30 minutos; façam uma pausa após isso, relaxem, reflictam no seu intervalo; e quando
chegarem ao minuto 5:50 fechem os olhos, abandonem qualquer pensamento e
deixem-se simplesmente levar.
Este tema faz parte do seu último trabalho lançado em 2011 - “The
Light Of The Sun” - um álbum extremamente rico e bem conseguido, que só vem confirmar a maturidade artística desta cantora (que também participou na sua produção
e composição), bem como, a sua naturalidade, sensibilidade e espontaneidade
enquanto mulher. São muitos os temas que me apetece destacar deste disco, mas comecemos com
este agradável e fresco dueto com um cantor que eu também prezo muito –
"So In Love" feat Anthony Hamilton.
E se este som já nos traz um cheirinho do soul dos anos
90, agora oiçam (e vejam) o tema “Shame”, um old-school funk, com um toque de gospel à mistura e no fim, para
rematar, o hip hop, cortesia da cantora Eve. This big mama knows how to work it… she’s a magnificent!
Saímos do modo "festa" e entramos na sala da sedução… acreditem,
esta senhora sabe ser sexy! Ora vejam-na ao lado do rapper Paul Wall, que nem sequer era necessário nesta música.
Continuamos a caminhar para ambientes cada vez mais recatados e
chegamos à música mais instrospectiva do álbum – “Hear My Call” – uma prece com
a qual Jill nos presenteia, de coração aberto (e ferido). Uma música cujos
arranjos de cordas ajudam a torná-la extremamente bela e elegante.
Too much on my mind… é assim que ela começa a falar connosco nesta
música… e quantas vezes não nos sentimos assim, quantas vezes não queremos apenas fechar os olhos, dormir profundamente e voltar a acordar noutro dia,
quando já tudo tiver passado, quando já tudo estiver bem, limpo e arrumado e a vida nos
voltar a sorrir outra vez (?)
Por fim, a arte da spoken
word também presente neste álbum com o poema "Womanifesto" (arte
esta com a qual Jill Scott iniciou a sua carreira) e a bluesy&jazzy “Rolling
Hills”, em crescente emoção até ao final da música, fechando o álbum da melhor forma,
deixando um rasto de brilho no seu caminho.
A minha tarefa desta noite estaria facilitada se esta
cantora de Philadelphia, que já inspirou um sem-fim artistas da sua geração e
seguintes, não tivesse mais 3 fantásticos álbuns editados. Álbuns estes, que representam volumes da colectânea “Words and Sounds”. O primeiro volume,
“Who Is Jill Scott?”, foi lançado no ano 2000, após Jill ter sido descoberta por
Questlove (The Roots), com o qual trabalhou e co-escreveu o tema “You Got Me”,
posteriormente interpretado por Erykah Badu e pelos The Roots e vencedor de um
Grammy.
Deste primeiro álbum que reúne 18 faixas, consegui, a muito
custo, destacar 4. Digo isto porque, ainda no rescaldo dos anos 90 e do seu R&B altamente contagioso, todas
elas são terrivelmente suaves e envolventes! R&B puro… SMOOTH - é a palavra!
Desta feita, damos uma longa (e agradável) volta com Jill e o seu tema “A Long Walk” e depois ouvimos o que
ela tem para nos dizer a respeito do seu marido com “He Loves Me”.
Continuamos com o tema "amor", desta vez à chuva com “Love
Rain” e em “Brotha” detectamos uma certa preocupação social
a vir ao de cima. Ambos carregados de groove,
bounce e todos os outros sinónimos destas duas palavras que possam imaginar.
Os dois volumes que se seguiram - “Beautifully Human” (2004)
e “The Real Thing” (2011) - não me conquistaram tanto como o primeiro. Contudo, de realçar os temas “Golden”,
“Cross My Mind”, "Hate On Me" e “Whenever You're Around”.
Para encerrar este post
(e porque já é tarde), voltamos ao seu último trabalho e à música que o abre, pois é precisamente dessa forma que eu me sinto em relação ao que se passa na
minha vida, às pessoas que fazem parte dela e a tudo a que já conquistei até
hoje, graças a mim e graças a elas. Por tudo isto, I’m Blessed.
E como nunca é demais dizer, lutem pelos vossos sonhos!
God bless you!
God bless you!
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