Sempre gostei de Beyoncé.
Cresci ouvindo Destiny's Child que, no final dos anos 90, faziam as delícias de qualquer adolescente com os temas "No, No, No", "Say My Name" ou "Bootylicious".
Mais tarde, continuei a acompanhá-la a solo mas, confesso, sem prestar grande atenção. Melhor dizendo, sem prestar a atenção que ela me desperta agora. Adoro a "Me, Myself and I" do seu primeiro álbum, dancei e ainda danço ao som de "Crazy in Love" ou "Single Ladies", mas só a partir do seu penúltimo álbum, "4", lançado em 2011, é que me apercebi de que Beyoncé não era apenas uma cara bonita do R&B com alguns singles de sucesso, mas uma verdadeira artista em ascenção!
A voz sempre foi, inegavelmente, o seu melhor atributo que, aliado à dança e à sua carismática presença em palco, fazem dela uma cantora completa. Contudo, a música só me conquistou totalmente neste seu álbum repleto de influências. No mesmo sentimos Prince em "1+1" e Whitney Houston em "Love on Top". No tema "Party" encontramos as sonoridades quentes do soul e do funk que se faziam na década de 80 e em "Countdown" fundem-se o reggae e o hip hop dos 90. Para culminar, "Run the World (Girls)" tem um afrobeat viciante e poderoso o suficiente para afirmar, conceptualmente, aquilo que a artista já em trabalhos anteriores tinha vindo a proclamar e que, daí para a frente, seria o seu grito de guerra: a emancipação da mulher.
E foi precisamente com essa canção que a diva abriu o concerto. A impetuosidade da artista é admirável. Com um domínio total da sua voz e do seu corpo a artista faz o que quer dela e do público, assim que pisa o palco. Deste álbum e ainda com o feminismo como bandeira, passamos para o seu último trabalho, o homónimo, "Beyoncé". Se com "4" a artista subiu pontos na minha consideração, com este disco ela arrebatou-me por completo!
É engraçado que no dia do concerto olhei para o bilhete e na respectiva factura vi, por curiosidade, a data em que o tinha comprado. Estava assinalado 16.12.2013, dias antes do seu último álbum sair... nessa altura a minha vontade de assistir ao concerto já era tanta, mal eu sabia o que ainda estava por vir...
Caiu como uma bomba este novo álbum da artista que foi anunciado, literalmente, da noite para o dia. Com a mesma rapidez com que a notícia se espalhou, também a minha sede em ouvi-lo era muita!
A primeira vez que o ouvi senti que era denso! Ao contrário dos restantes trabalhos, este álbum era mais rebuscado, não tinha temas fáceis e exigia algum trabalho e atenção apreciá-lo como era devido. O conceito de "visual album" (14 temas e 17 vídeos) torno-o ainda mais original, diferente e ousado! A composição tanto das músicas como dos vídeos mais requintada, não se rodeasse a artista cada vez mais dos melhores (Pharrell, Justin, Timbaland, Kanye). A sua imagem mais sensual, sofisticada e arrojada! Em suma, as vezes seguintes que ouvi este álbum provocou em mim o mesmo efeito que sinto ao ouvir a cantora no decorrer dos anos: um prazer exponencial.
A segunda música da noite foi então "***Flawless", uma das minhas preferidas e das que mais apela à base de todo o álbum: o feminismo. Não estivessem no palco apenas mulheres (à excepção dos seus inseparáveis bailarinos "Les Twins"), o objectivo da cantora é precisamente defender a sua sexualidade enquanto mulher, mãe e profissional e valorizar-se por isso.
Tal como acontece na música, também parte do discurso da escritora Chimamanda NgoziAdichie sobre a igualdade dos sexos foi referido no concerto, durante uma das várias e criticadas mudanças de roupa da cantora. A mim, sinceramente, não me fizeram confusão nenhuma, pois gostei de todos os interludes e não os achei longos.
Seguiu-se o swag de "Yoncé" para depois passarmos a temas mais antigos ("Get Me Bodied", "Baby Boy", "Diva") e a sensualidade aumentou, roçando por vezes o erotismo, com "Naughty Girl", "Blow" e "Partition", na qual Queen B. presenteou-nos com uma sensual performance no divã. Impressionante o jogo de sons e luzes que compõem este espectáculo.
Depois de "Haunted", o momento alto da noite: "Drunk in Love". Testemunhas tenho de que passei o dia no trabalho a dizer que Jay-Z cantaria com ela nessa noite! Fico tão feliz quando os meus feelings não me desiludem! Os gritos que já se ouviam desde o início do espectáculo tornaram-se ainda mais ensurdecedores com a subida de Mr. Carter ao palco. A multidão enlouquecida não queria acreditar mas eu, no fundo, já sabia... ;)
Continuamos acelerados com "Why Don't You Love Me" para abrandarmos, desta vez, com um dos momentos tranquilos da noite e onde a artista aproveita para interagir com o público, na acústica "Irreplaceable". Canta-se e acena-se "to the left, to the left" no Meo Arena. Continuamos com ritmos doces, desta vez é "Love On Top" que nos põe a cantar e a erguer os braços bem alto. E a euforia instala-se novamente assim que soam os primeiros acordes de "Crazy in Love", seguida de "Single Ladies"! Um êxtase devidamente polvilhado com uma chuva de confetti cintilante!
Entramos no último set da noite com a lembrança da mítica "I Will Always Love You" (versão mais conhecida por Whitney Houston) e tornamo-nos sentimentais em "Heaven" e em "XO", tema em que a cantora agradece todo o carinho que tem recebido ao longo desta longa tour prestes a terminar. Um momento no qual Beyoncé emociona-se e partilha confidências pessoais acerca do que exigiu esta grande jornada. Uma dedicação que merece todos os aplausos e gritos que, incansavelmente, agradeciam e enalteciam a cantora. Uma perfeita comunhão que culminou com "Halo" e, no final, ainda houve quem tivesse a sorte de lhe ter sido cantado os Parabéns pela anfitriã.
A juntar às restantes críticas que li, a minha também não poderia ser diferente - Beyoncé é a artista pop/r&b mais completa actualmente! É tremendo o poder da sua voz e da sua presença em palco. Adoro, mas adoro vê-la cantar e dançar! A forma em como interpreta as suas músicas na perfeição, sem desafinar uma nota, desempenhando em simultâneo coreografias magnificas. Como mulher, acho-a um exemplo: bonita, sensual, com estilo, audaciosa mas sem pretensiosismos, inteligente na escolha da sua música e na forma cuidada em como dirige sua imagem e o seu trabalho. Numa palavra: PODEROSA!
Mrs. Carter, eu é que agradeço!
I Been On (interlude)
01. Run the World (Girls)
02. ***Flawless
03. Yoncé
04. Get Me Bodied
05. Baby Boy
06. Diva
07. Naughty Girl
08. Blow
09. Partition
Ghost (interlude)
10. Haunted
11. Drunk in Love
12. Why Don't You Love Me
13. Irreplaceable
14. Love On Top
Countdown (interlude)
15. Crazy in Love
16. Single Ladies (Put a Ring On It)
I Was Here (interlude)
17. I Will Always Love You
18. Heaven
19. XO
20. Halo
21. Green Light/Suga Mama