Bem, mais uma vez, cá estou eu, em horas não muito decentes,
a escrever mais um post não unicamente sobre música, como é habitual. Mas
enfim, depois da última semana que tive apetece-me muito escrever, como tal, vou ver o que sai daqui e no final logo vejo se carrego no botão de publicar ou não. :)
Como vocês sabem, o meu verdadeiro trabalho (aquele que me
paga as contas) nada tem a ver com música. Sou consultora de SAP, especializada
na área de Finance, graças ao meu background em Gestão.
Muitas foram as vezes que, durante e depois de seguir este
caminho, me questionei: “Será que estou a fazer a escolha certa? Não deveria jogar
tudo para o alto e fazer aquilo que realmente gosto? Perseguir o meu sonho?”
Enfim, todas as dúvidas existenciais e dualismos internos que normalmente uma
pessoa que não tem como profissão aquilo que realmente lhe apaixona, se
questiona. Hoje em dia, com a cabeça mais arrumada e a caminho dos 30, já não
me torturo com essas inquietações. Aprendi a valorizar as coisas boas do meu
trabalho, a tomar partido delas e a desdobrar-me em 1001 Lucélias se for preciso para, no meu
tempo livre, dedicar-me aquilo que realmente me apaixona – a música.
O que é certo é que o mundo SAP, embora não tão apaixonante
como o da música, também já me trouxe coisas muito boas. Ao ser um trabalho
meramente em equipa, já me deu a conhecer pessoas fantásticas e interessantes às
quais hoje chamo de amigas e, devido ao seu vasto mercado mundial, já me
possibilitou fazer algo que me apaixona igualmente como a música – viajar.
Tenho tido a sorte e o privilégio de integrar projectos
internacionais que me proporcionaram experiências fantásticas ao longo da vida,
tanto a nível profissional como pessoal. Como tal, sou-lhe grata por isso e
posso dizer que hoje em dia vivo “em paz” com a minha escolha.
A semana passada tive mais uma viagem por motivos de
trabalho, para um destino completamente diferente dos quais estou
habituada – o Gana. A primeira reacção foi: “não sei ao certo ao que vou, mas bora lá!”… Recém-chegada desta experiência, posso dizer-vos que esta
viagem foi das melhores surpresas que tive nos últimos tempos! Talvez o facto
de ter ido com zero expectativas tenha contribuído para isso. Aliás, mais do que
não criar expectativas, chega a ser estúpido o tipo de preconceitos pré-concebidos que criamos em relação a estes países.
Pensava que ia encontrar muita pobreza e, realmente,
encontrei. 80% das pessoas que vi eram pobres ou muito pobres. Mas a maioria
delas tinha ao menos um sorriso para me dar. É um povo pacífico, simples e
simpático. As crianças são bonitas, têm olhos expressivos e são felizes, mesmo
com o pouco que têm. É claro que custa ver certas coisas, mas ao mesmo tempo
faz-nos bem, abre-nos a cabeça e obriga-nos a reflectir, a pensar. E é impressionante perceber como, efectivamente, este mundo é feito de abismos, de contrastes e conseguir
coexistir entre ambos, retirando o que de melhor de cada um tem.
Dei por mim em sítios giríssimos, pelos quais visto de fora
não daria nada e no seu interior são originais, encantadores, com estilo, com
gosto, cheios de pormenores… algo que pensava não poder encontrar lá (cá
estão os preconceitos estúpidos que vos falei hà bocado). Mas, inacreditavelmente, uma das maiores surpresas do Gana,
para mim, foi a música! Talvez por ser uma antiga colónia inglesa e falarem
fluentemente o inglês, têm uma forte influência da cultura americana, sendo que
a música soul e R&B está por todo o lado!! Além das músicas tradicionais
ganesas, que podemos ouvir ao vivo nos bares, a música afro-americana está ao virar de cada esquina! Nas rádios, nos bares, nas discotecas, restaurantes, etc. Imaginem
a surpresa que não foi para mim, ir para um sítio tão remoto e insólito,
e sentir-me mais rodeada desta música que eu tanto amo do que no meu próprio país!
Vibrei ao ouvir Barry White, Aretha Franklin, Teddy
Pendergrass, Mary J. Blidge ou Aaliyah na rádio no carro (dos que me lembro agora),
ou quando na disco passou a “Do For Love” do Tupac (que eu tanto adoro!) ou quando
no hall do hotel tocava-se “Ain’t no sunshine”, de Bill Withers, ao piano.
Enfim, momentos bons, que me fizeram sorrir por dentro e por fora e que, a
juntar a tantos outros, fizeram com que eu viesse de lá com a alma cheia. É o
maravilhoso efeito que as viagens provocam em nós, parece que regressamos mais ricos, mais crescidos.
Sei que isto não tem muita importância para quem está a ler,
mas tem para mim que estou a escrever, por isso vou carregar no botão de publicar.
Prometo que o próximo post será só sobre música!! :)
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