Boa noite soul lovers

Há dias em que me sinto fácil para música. 

Digo isto porque, há dias em que parece que nada me soa bem! Faço next, next, next vezes sem conta até chegar à música que me satisfaz. Hoje, porém, pus a minha playlist a tocar e cada música que passava, por mais diferente que fosse da anterior, sabia-me bem ouvir. Estou fácil para a música. Esta música que tanto significa para mim, que tão feliz me faz e que tem sido minha companheira ao longo dos anos, dos dias e das noites.

Hoje sentei-me no sofá, com o meu portátil ao colo, como tantas vezes o faço, com o intuito de escrever, de dar atenção ao meu querido e amado blogue, que tão especial é para mim e tão especial me faz sentir. E pensei: sobre quem vou escrever hoje? Mil nomes ocorreram-me à cabeça… é curioso, há quase um ano, quando criei este blogue, temia que algum dia me faltassem artistas/temas/músicas sobre os quais escrever… hoje olho para trás e riu-me, pois tal é impossível de algum dia acontecer… considerando que a música alimenta a minha alma, nunca pararei de consumi-la, alastrá-la, enaltecê-la na minha vida, até morrer. Mas adiante, muitos nomes me passaram pela cabeça, mas muitos sentimentos também passam, actualmente, dentro de mim… e, de repente, começa a tocar esta música (toque do meu despertador de manhã). Não sei porquê, ao ouvi-la, apercebi-me sobre o que me apetecia escrever realmente… apetecia-me escrever sobre mim.

Muitos de vocês não sabem, mas aproxima-se o dia do meu aniversário. Por norma, nunca ligo a este dia (mesmo). Normalmente tiro o dia de férias e vou para casa, para o Algarve, e passo o meu dia em família e na minha praia, que tão bem me faz. Este ano é especial, porque tem algo de diferente e que me tem feito sentir extremamente especial desde sempre – música. Este ano tenho o concerto de um artista, que me tem encantado e apaixonado desde a primeira música. Um concerto que tenho esperado fervorosamente e com a maior ansiedade de sempre - o doce, groovy e charmoso, José James.

Aqueles que me são mais próximos e que já foram comigo a algum concerto, sabem que, certamente, não haveria melhor prenda que me pudessem dar. Há algo na vida que vos deixe mesmo muito, muito felizes? Algo que vos faça sentir como se o tempo parasse e, assim, pudessem esquecer o mundo lá fora?  Algo que admiram, apreciam, veneram, que vos preencha a vida? Pois é... isso é o que eu sinto em relação à música, quando esta se materializa com um artista em palco, cantando e tocando a sua música, com toda a sua alma, corpo e coração. Alguém, como já em tempos referi, que faz da música a sua vida e põe a sua vida na música. Aquela sensação única de quando se gera aquela cumplicidade, aquela sinergia, aquela linguagem universal que todos sentem, todos entendem. Isso faz-me feliz e faz-me querer fazer coisas boas, faz-me querer partilhar a minha felicidade com o mundo, com todos. E foi exactamente isso que eu fiz, aproximadamente há um ano atrás, depois de ter presenciado um dos melhores concertos da minha vida – Erykah Badu.

Este concerto e todo o turbilhão de sentimentos que gerou dentro de mim, ajudou-me a descobrir qual a melhor forma que eu poderia ter de partilhar e expressar tudo aquilo que já não me cabia no peito – a escrita. Depois desse concerto nasceu o Groove your Soul e o seu primeiro post – Badu.

Aí começou a viagem. E que viagem…  

Todos e cada um dos meus posts têm um bocadinho de mim (uns mais do que outros) e dão a conhecer a música que me faz feliz mas também, a pessoa que eu sou. Digo, por vezes, brincando, que se trata do meu “diário musical”… não está muito longe da verdade.

É certo que ainda não tive coragem de escrever sobre os meus dois grandes ídolos, cuja música, para mim, é imortal. Falo dos meus queridos Marvin Gaye e Nina Simone. Os dois estão, literalmente, emoldurados na minha casa, na minha vida, como um sinal de respeito, amor e admiração. Os dois conseguem transmitir-me os melhores sentimentos do mundo. Ambos tem almas, vozes, personalidades únicas e incomparáveis. Juro que penso que a palavra “groove” foi inventada para descrever Marvin Gaye; bem como o piano, criado para acompanhar a voz de Nina Simone, que é... (neste momento, enquanto oiço a sua música, tenho um sem fim de adjectivos a cruzarem o meu cérebro e acreditem, não há nenhum que me pareça fazer-lhe justiça à sua voz). A ambos dedico a minha eterna devoção.

 

A verdade é que, recapitulando, este ano foi muito rico e muito intenso para mim em experiências e sensações, graças a este pequeno projecto. Convenci-me de que, efectivamente, o caminho para a felicidade passa por fazermos aquilo que amamos e que nos dá prazer, nos realiza. Por mais simples que possa parecer. Foi um ano de grande crescimento interior. Amadureci, conheci-me, valorizei-me… conheci também pessoas que me ajudaram no processo e que alegram a minha vida, os meus dias, com pequenos gestos. Tal como referi no post de Gil Scott-Heron, ao longo das nossas vidas vão entrado e saindo pessoas, todas elas têm o seu papel, o importante é que o saldo seja positivo, e que sejam mais as que ficam do que as que vão, pois ao fim de contas, é isto que realmente importa e levamos connosco.

No Groove your Soul fala-se e ouve-se, essencialmente, soul. Este soul que, inexplicavelmente, eu tanto amo, que me aquece a alma… 

Falou-se de canções que ficam, que marcam e nos acompanham para sempre...

Falou-se de amor…

… e da música como arte de sedução…

Conhecemos personagens deliciosamente excêntricas e hilariantes…

Jovens promessas…

Houve tempo, contudo, para a diversão…

E para a melancolia...

Houve “Otis nights”...

E por fim, houve momentos que marcaram, para sempre, a minha vida.

 

Isto para vos dizer que tem sido um enorme prazer partilhar convosco estes meus momentos, pensamentos, esta minha paixão. Sei que posso estar a ser muito sentimental (deve ser da idade!), mas hoje sinto-me em paz, grata e de bem com a vida. Sei que me faltam coisas para continuar a ser feliz (mais feliz), mas tenho o mais importante para consegui-lo: as pessoas, a minha música e o caminho à minha frente. 

Obrigada por estarem desse lado.

Sejam fiéis a vós próprios.