quarta-feira, 28 de novembro de 2018

Super Bock em Stock


No passado fim-de-semana teve lugar em Lisboa mais uma edição do Super Bock em Stock, outrora mais conhecido por Mexefest, um dos meus festivais preferidos, tanto pelo seu conceito, como pela qualidade e variedade do seu cartaz.

Com ou sem chuva, é sempre bom percorrer a Avenida da Liberdade e as suas bonitas salas em busca do próximo concerto. Contudo e porque torna-se cada vez mais difícil conseguir entrar em alguns recintos, a minha ida de ano para ano torna-se cada vez mais "cirúrgica". Assim sendo, eram 4 os nomes que não queria de todo perder, um deles em especial: Masego.

Quando soube que Masego era um dos confirmados desta edição não tive quaisquer dúvidas que este seria um concerto excepcional! Talento puro aliado à paixão genuína por aquilo que se faz, não deixa muita margem para erro. Masego, que é artista dos pés à cabeça, de corpo e alma, fez (e tocou) o que quis em palco, da forma mais natural e transparente possível, quase parecendo fácil.

Entrou na sala do Capitólio com tudo (e com o seu saxofone) e o tema ‘Tadow’ e desde aí nunca mais parou, agarrando todos e cada um pelo caminho, enquanto percorria grande parte dos originais do seu primeiro álbum, “Lady Lady”. Houve espaço ainda para duas referências, as versões dos temas “Señorita” de Justin Timberlake e “Prototype” dos Outkast. Tanto o cantor, como a sua banda, souberam cativar os muitos que ali estavam através da sua entrega e do espectáculo que nos proporcionaram, exímio até nos improvisos. Foi por isso com alguma resistência que chegámos ao final do concerto, que embora cumprindo os horários supostos, acabou demasiado cedo para as nossas vontades.

No segundo dia de festival a noite aqueceu cedo ao som de Dino D’Santiago e o seu "Mundu Nôbu". Um mundo bonito, rico e multicultural, onde novas Lisboas se erguem numa só, num único amor. Dino subiu ao palco feliz, grato e realizado por nos apresentar este seu novo trabalho, que contou também com o esforço e dedicação de nomes como Branko e Kalaf Epalanga, que só lhe confirmam o valor.

Desde a Kizomba ao Funaná, foram muito os ritmos cantados maioritariamente em crioulo que converteram esta Casa do Alentejo numa casa cada vez mais lusófona e pequena, muito pequena para aqueles que lá dentro queriam abanar a anca, e os que lá fora queriam entrar. Cenário idêntico ao do dia anterior, com os Fogo Fogo, o que realmente me faz pensar que, tanto num caso como no outro, talvez já merecessem outras salas (e outros destaques), pois efectivamente têm qualidade e seguidores para isso. Pensamentos à parte, Dino cantou e encantou, com ou sem o seu ferrinho, e o meu único desejo é continuar a vê-lo crescer, a ele e à sua banda, bem como os seus ideais, para assim poder pisar palcos e salas cada vez maiores.

Rejjie Snow, foi o concerto que se seguiu no meu itinerário. Depois de ouvir o álbum de estreia deste rapper irlandês, “Dear Annie”, foi com alguma expectativa que me dirigi mais uma vez à sala do Capitólio. Contudo e com pena minha, não fora tão feliz nessa noite como na anterior. Para começar, Rejjie quebrou o protocolo da pontualidade que foi devido e cumprido em pelo menos todos os concertos a que assisti, subindo ao palco 20 minutos depois da hora combinada, encurtando ainda mais um concerto que, já por si, pelo seu contexto, é pequeno.
Uma vez em palco, foram muitos os momentos em que senti Rejjie algo perdido e disperso, diria até mesmo apagado, e com uma fraca projecção da sua voz que, decididamente, não chegou até mim, apesar de apreciar bastante algumas das suas músicas. Sinceramente, não me pareceu estar nas suas melhores "noites" para subir ao palco, facto que me levou a sair mais cedo e garantir o meu lugar no último e mais esperado concerto da noite: Jungle.

A banda londrina que tão bem nos tem habituado com o seu soul electrónico, tocou para um Coliseu bem composto e disposto, onde todos nos juntámos para encerrar mais uma edição do festival. Com o seu jogo de luzes e cor, e os beats característicos dos dois álbuns que levam na bagagem, "Jungle" de 2013 e o mais recente 'For Ever' lançado este ano, foi muito fácil para o colectivo britânico pôr toda a sala a mexer, não fosse esse o mote inicial deste festival.
Os temas do seu último disco "Cherry", "Heavy California" ou "House in LA" fizeram-se ouvir, sem serem esquecidos os clássicos que nos enamoraram e nos tornaram leais a esta banda. Falo de "The Heat", "Platoon",  "Busy Earnin" ou "Time", que fechou o concerto.
Houve, contudo, alguns acidentes de percurso... problemas técnicos que ocorreram já na segunda metade do concerto, obrigando a banda interromper o mesmo por 3 vezes, e ao seu público a aguardar pacientemente os minutos necessários para restabelecer a situação. Com os devidos pedidos de desculpa, os Jungle conseguiram levar a bom porto a sua performance, com o apoio de um público que apesar do infortúnio não os abandonou, aplaudindo afincadamente até ao final.





November Groove



Playlist:

01. Children of Zeus - Slow Down

02. Rejjie Snow (Ft. Cam O'Bi & Krondon) - The Rain

03. Noname (Ft. Smino & Saba) - Ace

04. The Internet - Hold On

05. Anderson Paak (Ft. J. Cole) - Trippy

06. Masego - I Had A Vision

07. Free Nationals (Ft. Daniel Caesar & Unknown Mortal Orchestra) - Beauty & Essex

08. H.E.R. (Ft. Bryson Tiller) - Could've been

09. Russ (Ft. Mahalia) - Keep It Pushin

10. Mahalia - Surprise me

11. Ella Mai - Trip

12. Masego - Prone

13. Rejjie Snow (Ft. Aminé & Dana Williams) - Egyptian Luvr

14. Anderson Paak (Ft. Q-Tip) - Cheers

terça-feira, 6 de novembro de 2018

Groove Tuga #06 (mixtape)



Playlist:

01. Sam The Kid - Sendo Assim

02. Mishlawi, Richie Campbell & Plutónio - Rain

03. Dino D'Santiago - Nova Lisboa

04. Sara Tavares - Ter Peito e Espaço (Branko Remix Ft. Plutónio)

05. Mayra Andrade - Afeto

06. Dino D'Santiago - Como Seria

07. Sara Tavares - Ginga

08. Papillon - Iminente (Ft. Plutónio)

09. Slow J - Casa

10. Wet Bed Gang - Não sinto

11. Branko - Stand By (Ft. Umi Copper)

12. Selma Uamusse - Mati

quarta-feira, 5 de setembro de 2018

Groove your Soul Still Summer




Para vos acompanhar até ao final do vosso Verão...

Playlist:

01. Childish Gambino - Feels Like Summer

02. Drake - Nice for What

03. Jorja Smith X Preditah - On My Mind

04. Anderson Paak - 'Til It's Over

05. Amber Mark - Lose My Cool

06. The Internet - Roll (Burbank Funk)

07. Mac Miller - What's The Use?

08. Mahalia - Sober

09. NAO - Make It Out Alive

10. Temani - Power

11. Jorja Smith - Where Did I Go

12. Drake - Emotionless

13. Leon Bridges - Bad Bad News

14. Childish Gambino - Summertime Magic

sexta-feira, 27 de julho de 2018

Jessie Ware: uma noite encantada, no EDP Cool Jazz



Foi com algum receio que ontem saí de casa, a temer pelo frio que geralmente é um habitué nos jardins do EDP Cool Jazz, nestas noites de Verão. Contudo, a expectativa era bem grande para receber aquela voz britânica que já por 2 vezes cancelou a sua vinda ao nosso país, primeiro em 2015 no NOS Alive e depois em 2017 no Vodafone Mexefest. 

Costuma-se dizer que à terceira é de vez, e assim foi. Depois de uma primeira parte muito bem servida a cargo do australiano Jordan Rakei, Jessie Ware sobe ao palco elegante, bonita e segura de si como ela só, dando início ao concerto de forma intimista com 'Sam', tema que, curiosamente, fecha o seu último trabalho, “Glasshouse”, de 2017.

Contrariando o meu receio e aumentando as minha expectativa, a noite caíra perfeita nos jardins do Parque Marechal Carmona, sem vestígios de vento ou de frio que pudessem arrefecer-nos os ânimos. Um cenário idílico e romântico conjugou-se em nosso redor, não passando despercebido a ninguém, inclusive à própria cantora, comentando com a sua banda que aquele seria talvez o lugar mais bonito em que tocaram este ano.

Simpática e descontraída, Jessie foi-nos conquistando ao longo de todo o concerto, não só porque a sua música é verdadeiramente boa e fácil de ouvir (no melhor sentido da palavra), mas também pela sua voz singular, que soava límpida e cristalina aos nossos ouvidos. Um misto de soul e de eletrónica, de força e de doçura, de glamour e de simplicidade, que nos aqueceu a alma, numa noite que de fria estava cada vez mais distante.

O reportório, esse, foi vasto, variado e para todos os gostos, bem como os ritmos que pautaram a noite. Houve momentos de silêncio e de contemplação, e outros em que cantámos juntos, abanando os nossos corpos, as nossas mãos. 

O protagonista da noite foi o seu último álbum, do qual pudemos ouvir os seus temas mais badalados como ‘Selfish Love’, ‘Midnight’ e ‘Alone’, mas também algumas canções dos seus anteriores trabalhos nos alegraram a noite. Foi o caso de ‘Champagne Kisses’, ‘Say You Love Me’ e ‘Kind of… Sometimes… Maybe’ de ‘Tough Love’ (2014), e de ‘Running’ e ‘If You’re Never Gonna Move’, do seu primeiro álbum, ‘Devotion’ (2012).

A somar a este bem recheado set, tivemos ainda direito a uma versão à capela de 'What You Won't Do for Love' (original de Bobby Caldwell) e ao maravilhoso e sincero ‘Wildest Moments’ no final. 

O que ficou a faltar? Talvez um encore, que suavizasse um bocadinho a despedida agridoce, nesta noite especial. À parte disso, partimos felizes e serenos, e certamente com boas recordações para guardar.

Estava de facto uma noite maravilhosa… Jessie, esperemos que desta vez não hesites tanto em regressar.


Setlist:
01. Sam
02. Your Domino
03. Running
04. Champagne Kisses
05. Thinking About You
06. Alone
07. Selfish Love
08. No to Love
09. Kind of…Sometimes…Maybe
10. Something Inside
11. What You Won't Do for Love
12. If You're Never Gonna Move
13. Last of the True Believers
14. Midnight
15. Want Your Feeling
16. Say You Love Me
17. Wildest Moments

segunda-feira, 23 de julho de 2018

Anderson Paak & The Free Nationals no SBSR - YES Lawd!



YES Lawd! Já há muito que ansiava por um concerto de Anderson Paak e finalmente aconteceu!

Há cerca de um ano fiquei com pena de não poder vê-lo na abertura do concerto de Bruno Mars (a sua estreia em Portugal, também no palco do Altice Arena), mas decidi esperar por um merecido concerto a solo, o qual proporcionou-se este ano com o festival Super Bock Super Rock.

Uma excelente oportunidade de assistirmos a uma amostra daquilo que Paak tem para nos dar, pois o facto de ter sido em formato festival, deixou bem latente o sentimento de ‘soube a pouco’. Pelo menos para quem naquela sala conhecia a sua força e talento, bem como a versatilidade e qualidade da sua música e que, tal como eu, ficaram agarrados à corrente daquela voz única, rouca, vibrante e cheia de alma desde o primeiro instante. Para quem não era o caso, o que me pareceu ser a maioria, acredito que Paak conseguiu conquistá-los ou, pelo menos, despertar-lhes o interesse acerca do seu trabalho. Isto porque, há uma coisa muito importante que, independentemente do quão bom é um artista e a sua música, pode ou não passar para o seu público: a sua energia.

Paak soube contagiar-nos com a sua energia electrizante desde o início, não só pela sua música, mas pela sua simpatia, pela sua humildade em palco, pela sua entrega, pelo seu talento enorme e, mais do que tudo, por transparecer perfeitamente aquilo que mais prazer lhe dá fazer, esteja ele de pé, balançando o seu flow de um lado ao outro do palco, ou sentado à bateria, marcando veementemente o ritmo ao qual se movem os nossos corpos.

Paak não nos contagiou, contudo, sozinho. No cartaz constava Anderson Paak & The Free Nationals e, efectivamente, foi em grupo que este cantor se fez valer, onde todos e cada um dos seus elementos foram os protagonistas da noite, com especial destaque para Ron Tnava Avant, o teclista que tão e também nos animou no vocoder, com algumas referências nossas conhecidas como ‘Niggas in Paris’ (Jay-Z e Kanye West), ‘Pony’ (Ginuwine) ou Cantaloop (US3).

Anderson Paak & The Free Nationals souberam assim conduzir-nos com mestria numa noite que teve início no mais quente hip hop, ao som de temas como ‘Come Down’ (a abrir), ‘Glowed Up’  (de Kaytranada), ‘Bubblin’ (o seu mais recente single)  e ‘The Season, Carry Me’ (o seu primeiro sucesso). O ritmo abrandou, tornando-se mais suave com ‘The Waters’, ‘Put Me Thru’, ‘Room in Here’ e ‘Birds’, todos retirados do seu último álbum ‘Malibu’, de 2016. E aqui aproveito para fazer um aparte, porque Paak, como habitualmente só os grandes o fazem, teve o detalhe de não nos dar apenas aquilo que já conhecíamos dos seus álbuns, brindando-nos com diferentes versões dos seus temas, como foi o caso de ‘Room in Here’ e os seus arranjos reggae.

Pelo meio disto tudo, houve ainda tempo para percorrer o seu projecto NxWorries (em parceria com o produtor Knxwledge) e o tema ‘Suede’, bem como ‘Sweet Gidget', um dos avanços do que se espera ser o seu próximo álbum.

A temperatura começou a subir novamente ao som de ‘Am I Wrong’, o momento que mais se assemelhou a um encore (pois não havia tempo a perder com isso), e prolongou-se com ‘Light Weight’ e ‘Luh You’, onde Paak conseguiu pôr-nos todos a cantar bem alto: ‘I think I love you’! Por esta altura a eletrónica invadira a sala do Altice Arena e era rainha e senhora da noite, deixando uma energia tão boa no ar que ninguém queria que acabasse.

No total foi cerca de 1:10h de concerto que valeu cada minuto mas, como referi no inicio deste texto, soube a pouco, muito pouco, pelo que, da minha parte, ficarei a aguardar novamente por um concerto a solo, desta vez fora do âmbito festival, pois já não me restam dúvidas, ‘I think I love you’!  E se muitos pensaram ouvir ‘Yes Lord!’, como o próprio brincou, fazendo alusão à possível confusão com ‘Yes Lawd!’, nome do álbum que detém enquanto membro de NxWorries e seu grito de guerra, entoado em vários momentos do concerto, é caso para dizer: YES Lawd! God bless you Anderson Paak!

terça-feira, 5 de junho de 2018

Mellow - Mixtape por Groove your Soul

Se não puderam ouvir a última emissão do Mellow, que contou com a colaboração do Groove your Soul, podem fazê-lo aqui através do podcast já disponvível:




terça-feira, 29 de maio de 2018

Mellow

O Mellow é um programa de rádio dedicado à música soul, r&b e hip-hop, que passa na RUC (Rádio Universidade de Coimbra) e que, tal como em tempos o Groove o fez, tem a missão de espalhar músicas com alma semanalmente.

A emissão é online, todas as quartas às 20h, com direito a podcast a seguir.

Para relembrar os bons velhos tempos, o Mellow convidou o Groove a participar numa das suas emissões, ao que este aceitou!

Se quiserem matar saudades do Groove e conhecer também tudo de bom que o Mellow tem para vos dar, não percam a emissão de amanhã ;)

https://mellowruc.tumblr.com/
https://www.facebook.com/MellowRuc