O meu post esta semana não era para ser este. Até já tinha começado a escrever sobre o meu tema (o
qual não vou revelar, pois um dia ainda vai aparecer aqui) mas não sei porquê,
por alguma razão, sentia-me preguiçosa... E quando as palavras não me saem de rompante... bem, quando isso não acontece significa que não estou a escrever com alma, coisa que gosto sempre de fazer, não fosse essa a razão de existir deste blogue.
Pois bem, hoje durante o jantar passou no meu shuffle a música “Femme Fatale” de Aloe Blacc. De repente, bateu-me
uma saudade deste cantor… passou-se no meu cérebro um flashback e recordei a forma como fiquei apaixonada pelo seu último álbum
e o bom que foi assistir aos seus dois concertos em 2011. Nesse instante até
postei essa música na página do Facebook do Groove your Soul… segundos depois
pensei: “Naaaa, eu não vou escrever sobre o tema XXX, eu vou mas é escrever sobre Aloe Blacc!”.
Esta é, sem dúvida, a sua música mais conhecida. Foi o
primeiro single retirado do seu
segundo álbum “Good Things”, lançado em 2010. Embora Aloe já tivesse editado outro
álbum antes deste (“Shine Through” em 2006), não consigo comparar estes dois álbuns, nem
sequer associa-los ao mesmo Aloe enquanto cantor. Isto
porque, se Aloe Blacc iniciou a sua carreira no Hip Hop (e devo dizer-vos que
não se sai nada mal neste registo), a sua verdadeira essência foi completamente
descoberta e revelada ao mundo pela mão do Soul… e que Soul… Aloe Blacc
trouxe-nos um Soul revivalista com este seu Good Things! Simplesmente fantástico este
álbum!! Um refresh tremendo no Neo-Soul, do qual todos já estávamos a precisar.
Então mas vamos por partes, o que é que me apaixona tanto neste álbum
de Soul Vintage?? (é assim que eu gosto de catalogá-lo)
Bem, em primeiro lugar é um álbum maduro, de um cantor igualmente
maduro. Esta maturidade reflecte-se não só na
sua voz, na forma como interpreta as suas canções, mas também na mensagem que
pretende transmitir através delas.
Aloe Blacc diz-nos: My
purpose for music is positive social change.
E de facto, é uma consciencialização
social que este disco procura atingir. Traz-nos a essência activista de um Soul do
passado, com temas fortes, actuais e controversos que continuam a afectar o nosso
presente. Além de “I Need a Dollar”, um tema que me recorda bastante a essência
de Bill Withers, outros temas como “Life Is So Hard” ou “Politician”
confrontam-nos com a realidade capitalista que nos rodeia.
Continuando, porque mais motivos adoro este álbum?
Porque da mesma forma que nos sensibiliza para temas sérios e as suas
músicas dão-nos que pensar, também consegue transmitir-nos leveza, coisas doces
e boas da vida e melodias que apenas nos fazem sorrir.
Desta forma deixo-vos “You
Make Me Smile” e “Green Lights”, com um sorriso.
Mas Aloe também fala-nos de amor. Um amor quente e arrebatador, capaz
de matar! Tal é visível no seu magnífico cover dos Velvet Underground – “Femme
Fatale” e no funky “Your Love Is Killing Me”. Um tema cujo videoclip mostra-nos
um Aloe bem divertido, não contasse ele com a ajuda de um bailarino muito especial (atenção ao
miúdo que aparece neste vídeo, é simplesmente sensacional!).
Mas não é só Femme Fatale que Aloe sabe interpretar na perfeição de forma
muito única, muito sua e com bastante alma. Também o famoso “Billie Jean” de Michael Jackson ganha
uma sensualidade tremenda na voz quente de Aloe Blacc! Bem smooth esta versão. Não está
no álbum, mas não podia deixar de postar aqui.
Para terminar, adoro este álbum porque, como é óbvio, tem quilos de groove! :))
Adoro a batida do tema-título do álbum “Good Things” e o groove fantástico
de “Hey Brother”, que remete-me directamente para os anos 70, para os sons do Blaxploitation.
E por último, se alguém ainda tinha dúvidas quanto à voz quente e
maravilhosa de Aloe Blacc, deliciem-se com esta bonita “Momma Hold My Hand”…
nela a sua voz é linda, límpida, transparente. Novamente Bill Withers aqui.
Em 2011 Aloe Blacc pisou pela primeira vez os palcos portugueses
(primeiro na Aula Magna e depois no Cascais Jazz Festival) e eu acompanhei os
seus passos ao pormenor. Posso dizer que o primeiro concerto na Aula Magna foi
uma verdadeira surpresa. Nunca pensei que Aloe tivesse tanta presença e
desenvoltura em palco (que swing o seu!!). Foi um excelente intérprete e
também um excelente entertainer. Vim de lá rendida!
O segundo concerto foi igualmente bom, contudo, o factor surpresa já
não estava lá. Talvez ver dois concertos do mesmo artista
num espaço de 3 meses não tivesse sido boa ideia (Lol). Enfim, não deixou de ser um concerto extremamente
agradável e do qual regressei com uma preciosa recordação, o meu vinil de “Good
Things” autografado. Quem me conhece sabe que adoro comprar vinis e
o carinho que tenho pela minha colecção. Pois bem, aquele vale ouro para mim.
Bem, para a despedida, gostava de dar-vos previsões acerca do próximo
álbum do Aloe Blacc. Infelizmente não posso fazê-lo, pois não tenho notícias quanto a isso. Tenho
pena, pois espero ansiosamente por ouvir um novo trabalho seu. Até lá, deixo-vos um excerto do concerto conjunto de Aloe Blacc com o
violinista Miki Kekenj e o pintor Jaybo. Um momento de pura expressão artística!
Mais uma prova do talento e da versatilidade de Aloe Blacc.
Fiquem bem, espero que eu e o Aloe vos tenhamos aquecido a alma… ;)