terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Aloe Blacc



O meu post esta semana não era para ser este. Até já tinha começado a escrever sobre o meu tema (o qual não vou revelar, pois um dia ainda vai aparecer aqui) mas não sei porquê, por alguma razão, sentia-me preguiçosa... E quando as palavras não me saem de rompante... bem, quando isso não acontece significa que não estou a escrever com alma, coisa que gosto sempre de fazer, não fosse essa a razão de existir deste blogue.

Pois bem, hoje durante o jantar passou no meu shuffle a música “Femme Fatale” de Aloe Blacc. De repente, bateu-me uma saudade deste cantor… passou-se no meu cérebro um flashback e recordei a forma como fiquei apaixonada pelo seu último álbum e o bom que foi assistir aos seus dois concertos em 2011. Nesse instante até postei essa música na página do Facebook do Groove your Soul… segundos depois pensei: “Naaaa, eu não vou escrever sobre o tema XXX, eu vou mas é escrever sobre Aloe Blacc!”.



Esta é, sem dúvida, a sua música mais conhecida. Foi o primeiro single retirado do seu segundo álbum “Good Things”, lançado em 2010. Embora Aloe já tivesse editado outro álbum antes deste (“Shine Through” em 2006), não consigo comparar estes dois álbuns, nem sequer associa-los ao mesmo Aloe enquanto cantor. Isto porque, se Aloe Blacc iniciou a sua carreira no Hip Hop (e devo dizer-vos que não se sai nada mal neste registo), a sua verdadeira essência foi completamente descoberta e revelada ao mundo pela mão do Soul… e que Soul… Aloe Blacc trouxe-nos um Soul revivalista com este seu Good Things! Simplesmente fantástico este álbum!! Um refresh tremendo no Neo-Soul, do qual todos já estávamos a precisar.

Então mas vamos por partes, o que é que me apaixona tanto neste álbum de Soul Vintage?? (é assim que eu gosto de catalogá-lo)

Bem, em primeiro lugar é um álbum maduro, de um cantor igualmente maduro. Esta maturidade reflecte-se não só na sua voz, na forma como interpreta as suas canções, mas também na mensagem que pretende transmitir através delas.

Aloe Blacc diz-nos:  My purpose for music is positive social change.
 
E de facto, é uma consciencialização social que este disco procura atingir. Traz-nos a essência activista de um Soul do passado, com temas fortes, actuais e controversos que continuam a afectar o nosso presente. Além de “I Need a Dollar”, um tema que me recorda bastante a essência de Bill Withers, outros temas como “Life Is So Hard” ou “Politician” confrontam-nos com a realidade capitalista que nos rodeia.






Continuando, porque mais motivos adoro este álbum?

Porque da mesma forma que nos sensibiliza para temas sérios e as suas músicas dão-nos que pensar, também consegue transmitir-nos leveza, coisas doces e boas da vida e melodias que apenas nos fazem sorrir. 
Desta forma deixo-vos “You Make Me Smile” e “Green Lights”, com um sorriso.






Mas Aloe também fala-nos de amor. Um amor quente e arrebatador, capaz de matar! Tal é visível no seu magnífico cover dos Velvet Underground – “Femme Fatale” e no funky “Your Love Is Killing Me”. Um tema cujo videoclip mostra-nos um Aloe bem divertido, não contasse ele com a ajuda de um bailarino muito especial (atenção ao miúdo que aparece neste vídeo, é simplesmente sensacional!).






Mas não é só Femme Fatale que Aloe sabe interpretar na perfeição de forma muito única, muito sua e com bastante alma. Também o famoso “Billie Jean” de Michael Jackson ganha uma sensualidade tremenda na voz quente de Aloe Blacc! Bem smooth esta versão. Não está no álbum, mas não podia deixar de postar aqui.




Para terminar, adoro este álbum porque, como é óbvio, tem quilos de groove! :))

Adoro a batida do tema-título do álbum “Good Things” e o groove fantástico de “Hey Brother”, que remete-me directamente para os anos 70, para os sons do Blaxploitation.
E por último, se alguém ainda tinha dúvidas quanto à voz quente e maravilhosa de Aloe Blacc, deliciem-se com esta bonita “Momma Hold My Hand”… nela a sua voz é linda, límpida, transparente. Novamente Bill Withers aqui.






Em 2011 Aloe Blacc pisou pela primeira vez os palcos portugueses (primeiro na Aula Magna e depois no Cascais Jazz Festival) e eu acompanhei os seus passos ao pormenor. Posso dizer que o primeiro concerto na Aula Magna foi uma verdadeira surpresa. Nunca pensei que Aloe tivesse tanta presença e desenvoltura em palco (que swing o seu!!). Foi um excelente intérprete e também um excelente entertainer. Vim de lá rendida!
O segundo concerto foi igualmente bom, contudo, o factor surpresa já não estava lá. Talvez ver dois concertos do mesmo artista num espaço de 3 meses não tivesse sido boa ideia (Lol). Enfim, não deixou de ser um concerto extremamente agradável e do qual regressei com uma preciosa recordação, o meu vinil de “Good Things” autografado. Quem me conhece sabe que adoro comprar vinis e o carinho que tenho pela minha colecção. Pois bem, aquele vale ouro para mim. 

Bem, para a despedida, gostava de dar-vos previsões acerca do próximo álbum do Aloe Blacc. Infelizmente não posso fazê-lo, pois não tenho notícias quanto a isso. Tenho pena, pois espero ansiosamente por ouvir um novo trabalho seu. Até lá, deixo-vos um excerto do concerto conjunto de Aloe Blacc com o violinista Miki Kekenj e o pintor Jaybo. Um momento de pura expressão artística! Mais uma prova do talento e da versatilidade de Aloe Blacc. 




Fiquem bem, espero que eu e o Aloe vos tenhamos aquecido a alma… ;)

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Quantic & Alice Russell




Na outra noite estava eu no Musicbox, prestes a assistir a mais um concerto dos Cais Sodré Funk Connection e, em conversa com uma amiga, recordei um concerto bem animado que também presenciei lá no Verão passado e o qual aqui não foi falado. 

Foi um concerto caloroso, colorido, ideal para uma noite de Verão, liderado por uma cantora que aprecio bastante – Alice Russell.




Contudo, não se tratou de um concerto de Alice Russell enquanto cantora a solo, mas sim enquanto cantora convidada do mais recente projecto de Quantic e o seu Combo Bárbaro. 

Bem, mas vamos por partes. 

Primeiro, quem é Alice Russell? 
Depois, quem são Quantic e os Combo Bárbaro?
E por fim, o que fazem os três juntos?

Para explicar-vos é melhor fazermos uma viagem….
Vamos dar um saltinho primeiro a Inglaterra e de seguida partimos para a Colômbia! Parece-vos bem?
So let’s go!



Conheci esta cantora (como tantas outras), através do meu programa de rádio de eleição, o M.
Naquele fim de tarde lembro-me que vinha  a conduzir do Algarve e, a meio do programa, passou esta música.
Adorei de imediato a voz forte e com personalidade de Alice, e não tive outro remédio senão investigar esta cantora! 

Assim sendo, descobri que é Inglesa, tem 37 anos, é filha de pai organista e desde cedo se dedicou à música, tendo aulas de canto, fazendo parte de coros e exercendo os seus estudos nessa área.
Russell é uma cantora Soul, mas com as mais variadas influencias que vão desde a música Clássica ao Gospel, passando pelo R&B. Nomes como Aretha Franklin, Stevie Wonder, Chaka Khan ou Jill Scott inspiraram-na no seu percurso. 

Além de singles, remixes e colaborações com diversos artistas como Massive Attack, The Roots, Roy Ayers ou De La Soul, Alice conta com 4 álbuns editados sendo que, o seu último denominado “Port of Gold” (2008) é o meu preferido. Talvez porque tem uma forte essência Soul, penso que foi o seu trabalho até agora melhor concebido. A voz forte de Alice é de facto a sua melhor arma, conferindo ao álbum personalidade e ritmo. 

A juntar ao já apresentado “Hurry On Now” destaco outros dois temas – primeiro o groovy “Let Us Be Loving” e de seguida, o tema que lhe trouxe mais sucesso neste trabalho, o seu fantástico cover de Gnarls Barkley – “Crazy”.
Para apresentar-vos estes temas escolhi dois vídeos gravados na Union Chapel de Londres por forma a que, além de compreenderem a imponência de Alice Russell e da sua voz, possam também saborear o toque Gospel que ela tão bem sabe colocar nas suas canções.






Actualmente, Alice encontra-se a finalizar o seu próximo álbum - "To Dust", a ser lançado agora em 2013 e do qual já podemos ouvir o seu primeiro single "Heartbreaker" (tema que abriu este post).

Todavia, o que me levou essencialmente a escrever este post foi a sua participação no projecto de Quantic & his Combo Bárbaro – “Look Around the Corner”.
 



Will Holland, mais conhecido por Quantic, é um famoso DJ, músico e produtor Inglês a residir actualmente na Colômbia. Quantic tem trabalhado com inúmeros artistas ao longo dos últimos 10 anos e conta com projectos reconhecidos na sua bagagem, como é caso de “The Quantic Soul Orchestra” ou “The Limp Twins”. A sua música tem uma essência Soul e Jazz, na qual é incorporada uma componente electrónica e outros elementos como a Salsa, a Bossa Nova ou o Reggae.

"Quantic and his Combo Bárbaro" é outro projecto multicultural deste produtor que reúne um conjunto de músicos Sul-Americanos e pretende transmitir-nos a sonoridade proveniente das suas origens, com todo o seu sabor latino.

Ora, a mistura explosiva entre o Soul de Alice Russell e a genuinidade destas melodias caribeñas, só poderia dar num resultado: um disco extremamente rico e quente.

Sentem o calor? Pois é… chegámos à Colômbia!




E foi precisamente na Colômbia que este álbum foi gravado. Um exemplo maravilhoso de como o Soul pode ser fundido com outras sonoridades e fazer-nos sentir o sabor, as cores e a essência de outras culturas, transformado em algo bom, leve, com groove

Disse-vos que íamos fazer uma viagem porque foi exactamente isso que eu senti quando ouvi este álbum. Foi como se tivesse sido transportada directamente para o calor da América do Sul. E eu adoro quando isso acontece… adoro quando a música me transporta e leva-me a conhecer outros lugares, outras culturas...




Este álbum está conotado como Latin Jazz e, além da voz já por si quente de Alice Russell, apresenta um swing delicioso com muito sal à mistura. Assim sendo, continuamos a nossa viagem, na qual destaco ainda os temas “Here Again” e "I'll Keep My Light in My Window”. Este último original de 1974 de Caston & Majors, interpretado 10 anos mais tarde pelos The Temptations, ambas bandas pertencentes à editora Motown.






Por fim, e em jeito de bolero, fica a canção mais romântica do álbum, esta magnífica e envolvente “I’d Cry”.




Além de adorar o álbum, foi um prazer assistir ao seu concerto no Musicbox. As paredes escuras da sala encheram-se de cor naquela noite de Verão e Alice e os Combo Bárbaro souberam envolver-nos nos seus ritmos quentes. 

Ela é uma cantora que enche as medidas. Não apenas pela sua voz (que é de facto potente), mas também pela sua simpatia e pela sua simplicidade e ao mesmo tempo forte presença em palco. Simpatia essa que também se fez sentir pelos músicos que a acompanhavam. 

Enfim, uma noite extremamente agradável e bem passada, e um concerto pequeno, intimista e peculiar que tenho a certeza que dificilmente assistirei outra vez. São o género de momentos, de pequenas coisas, que me deixam feliz e com uma boa recordação.

Espero que tenham gostado da viagem… ;)




PS: Apenas informar para quem desconhece, que o Groove your Soul também tem página no Facebook, na qual são publicitados os posts e publicadas outras músicas e artistas que vou ouvindo aqui e ali e tenho prazer em partilhar! :) Aqui fica o endereço da página para quem quiser seguir: https://www.facebook.com/grooveyoursoul