segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Made in Portugal!

Por vezes, digo na brincadeira que gostava de ter nascido nos Estados Unidos… tipo Chicago, Detroit, New Orleans ou Filadélfia… sítios onde tiveram origem o Soul, o Blues, o Jazz e todos os outros estilos descendentes. Sítios por onde imagino que se sente a sua essência em qualquer lado... nas ruas, num café, nas pessoas… onde está a sua identidade, a sua história, o seu legado.

Digo na brincadeira pois adoro o meu país e, mesmo com todas as suas coisas más, não o trocava por mais nenhum.

No entanto, a verdade é que Portugal nunca foi um país onde o Soul, o Funk ou o R&B predominassem. Embora considere que o público português é bastante eclético e curioso em termos musicais, o que é certo é que o Rock continua a ser o estilo rei em Portugal, o que é normal pois o próprio estilo é naturalmente de massas.

Bem, isto para dizer que sempre tive dificuldades em encontrar bandas que tocassem algum destes estilos em Portugal. Gosto bastante de assistir a actuações de música ao vivo em bares e até hoje assisti maioritariamente a concertos de Rock ou Jazz, sempre procurando contudo, por bandas ou músicos que tocassem outros registos, mais de encontro com o meu coração Soul e R&B. 

Hoje em dia fico feliz por perceber que este género está a ganhar cada vez mais adeptos, bem como, perceber que começam a nascer bandas e artistas decididos a fazer a sua música, com qualidade, com groove, com alma, independentemente do contexto musical no qual estão inseridos lhes ser favorável ou não. Músicos que lançam-se e lutam por fazer a sua música, esforçam-se por ganhar o seu reconhecimento e (felizmente) assim o conseguem.

Este post é dedicado a todos eles e com o mesmo não só pretendo dar a conhecer o seu trabalho, mas também agradecer-lhes por trazerem este estilo de música a Portugal, por darem-nos groove com toque português, feito em Portugal. Obrigada!


HMB




A primeira vez que assisti a um concerto dos HMB foi em 2010 (se não me engano) no OndaJazz, em Lisboa. Fiquei radiante!! Adorei o facto de cantarem Soul e R&B em Português e com temas originais. Muito ao estilo do meu beloved D’Angelo, adorei o groove deles, a sua atitude e boa disposição em palco, a voz do vocalista Héber Marques e toda a restante performance musical da banda. Desde então segui-os de perto e tive a certeza que eles iriam crescer, ao ponto de vir a ter um cd deles na minha mão. Não me enganei.

“Dia D” - o single que também dá nome ao primeiro álbum lançado este ano, já se encontra a rodar em algumas das nossas rádios e é um tema representativo do trabalho deste jovem grupo, com muito ritmo, groove e alma.




“CDQP” (Culpa De Quem Pariu) é outro tema que para além de bounce (para não dizer groove outra vez, eheh), possui uma letra extremamente actual e até activista. Dá-nos também um sabor de Hip Hop através da participação do MC Ary. Destaco igualmente o videoclip que considero bastante criativo e inteligente por parte da banda.




O álbum conta também com duas baladas muito bonitas – “Essa Saudade de Ti” e “Não Me Deixes Partir” e outros temas que nos ficam no ouvido como “Sete Vidas” (que quando ouvi fez-me lembrar automaticamente Stevie Wonder), “Dia Memorável" e “Stereo”.




O Groove your Soul recomenda este álbum!!


Cais Sodré Funk Connection 


  
ARE YOU SOMEBODY???

Esta é a frase de mote desta banda de Soul e Funk que, como o nome indica, nasceu no Cais do Sodré, em Lisboa. 

E foi precisamente lá, no Musicbox (a casa mãe que os acolhe), que eu os conheci e posso dizer-vos que foi outra feliz descoberta.

Ao vivo esta banda é pura energia! Guiados ao ritmo frenético do grande e único James Brown, os CSFC cantam-nos também temas de Otis Redding, Etta James ou Ray Charles. Do grupo fazem parte músicos reconhecidos e alguns até membros em paralelo de outros projectos, sendo as vozes principais de Fernando Nobre (Silk) e da cantora Tamin.

Este grupo lançou recentemente o seu primeiro álbum “You Are Somebody”, o qual reúne covers de James Brown, Etta James e Bar-Kays, bem como temas originais. O primeiro single editado é este alegre e fresco “Summer Days of Fun”.




Ainda não tenho este álbum, mas espero tê-lo em breve, talvez até em versão vinil.

Conselho: assistam a um concerto desta banda! Vale bem a pena!




 Orelha Negra



 
Os Orelha Negra não os conheci ao vivo… mas conheci-os com esta música e fiquei fã. 




Adoro a combinação do electrónico com os restantes instrumentos, as batidas, os samples utilizados e os loops que eles criam nas suas músicas. Uma mistura bem conseguida que une o Soul e o Hip Hop ao electrónico. Recorreram a sonoridades do passado que nas suas músicas soam a futuro. Um som diferente e original, extremamente inovador no contexto musical português.

O grupo é composto por Francisco Rebelo, João Gomes, Sam The Kid, Fred e Dj Cruzfader e o primeiro álbum foi lançado em 2010, do qual destaco os temas “Bairro Blue”, “Tanto Tempo”, “A Cura” e “M.I.R.I.A.M”. Posteriormente a esse álbum foi lançada uma mixtape igualmente boa, com a adaptação dos seus temas, desta vez dando-lhes voz através da colaboração de diversos artistas do nosso panorama musical (Lúcia Moniz, Tiago Bettencourt, NBC, Tamin, Valete, entre outros). Desta mixtape retiro o primeiro tema - “Since You’ve Been Gone”, interpretado por Orlando Santos. Atenção ao videoclip que é fantástico, não tivesse a fantástica cidade de Lisboa como fundo.




 
Do novo álbum dos Orelha Negra destaco o primeiro single “Throwback” e também “Juras”. Ambos magníficos.

 




The Black Mamba



Já tinha ouvido o primeiro single desta banda - “It Ain’t You”, mas na altura não lhes prestei muita atenção. 

Felizmente existem os concertos e a sua maravilhosa capacidade de nos envolver e conquistar. Já fui várias vezes surpreendida positivamente quando assisto a bandas ao vivo… a sua performance em palco é capaz de fazer mudar a minha opinião e a forma como eu passo a escutar a sua música. Este foi um desses casos.
Esta semana assisti a um concerto dos The Black Mamba e fiquei fã!

Não só gostei do vocalista Tatanka, da sua voz, performance e presença em palco, como também da restante banda, em especial do baixista Ciro Cruz e de uma senhora que estava nos coros a qual eu infelizmente não percebi o nome, mas que conseguiu arrepiar-me ao ouvi-la cantar no seu solo… impressionante.

Foi um serão extremamente agradável ao som do Soul, Funk e Blues, com boa-disposição e, acima de tudo, boa música.

O seu primeiro álbum também já está à venda e dele destaco os seguintes temas:








Como estes 4 exemplos, espero que surjam muitos mais! 
Músicos com groove e alma para nos dar. 

Eu mais uma vez, só tenho a agradecer-lhes, apoiar-lhes e desejar-lhes sucesso!! 

Keep Groovin'!! ;)