No passado fim-de-semana teve lugar em Lisboa mais uma edição do Super Bock em Stock, outrora mais conhecido por Mexefest, um dos meus festivais preferidos, tanto pelo seu conceito, como pela qualidade e variedade do seu cartaz.
Com ou sem chuva, é sempre bom percorrer a Avenida da Liberdade e as suas bonitas salas em busca do próximo concerto. Contudo e porque torna-se cada vez mais difícil conseguir entrar em alguns recintos, a minha ida de ano para ano torna-se cada vez mais "cirúrgica". Assim sendo, eram 4 os nomes que não queria de todo perder, um deles em especial:
Masego.
Quando soube que Masego era um dos confirmados desta edição não tive quaisquer dúvidas que este seria um concerto excepcional! Talento puro aliado à paixão genuína por aquilo que se faz, não deixa muita margem para erro. Masego, que é artista dos pés à cabeça, de corpo e alma, fez (e tocou) o que quis em palco, da forma mais natural e transparente possível, quase parecendo fácil.
Entrou na sala do Capitólio com tudo (e com o seu saxofone) e o tema ‘Tadow’ e desde aí nunca mais parou, agarrando todos e cada um pelo caminho, enquanto percorria grande parte dos originais do seu primeiro álbum, “Lady Lady”. Houve espaço ainda para duas referências, as versões dos temas “Señorita” de Justin Timberlake e “Prototype” dos Outkast. Tanto o cantor, como a sua banda, souberam cativar os muitos que ali estavam através da sua entrega e do espectáculo que nos proporcionaram, exímio até nos improvisos. Foi por isso com alguma resistência que chegámos ao final do concerto, que embora cumprindo os horários supostos, acabou demasiado cedo para as nossas vontades.
No segundo dia de festival a noite aqueceu cedo ao som de
Dino D’Santiago e o seu "Mundu Nôbu". Um mundo bonito, rico e multicultural, onde novas Lisboas se erguem numa só, num único amor. Dino subiu ao palco feliz, grato e realizado por nos apresentar este seu novo trabalho, que contou também com o esforço e dedicação de nomes como Branko e Kalaf Epalanga, que só lhe confirmam o valor.
Desde a Kizomba ao Funaná, foram muito os ritmos cantados maioritariamente em crioulo que converteram esta Casa do Alentejo numa casa cada vez mais lusófona e pequena, muito pequena para aqueles que lá dentro queriam abanar a anca, e os que lá fora queriam entrar. Cenário idêntico ao do dia anterior, com os Fogo Fogo, o que realmente me faz pensar que, tanto num caso como no outro, talvez já merecessem outras salas (e outros destaques), pois efectivamente têm qualidade e seguidores para isso. Pensamentos à parte, Dino cantou e encantou, com ou sem o seu ferrinho, e o meu único desejo é continuar a vê-lo crescer, a ele e à sua banda, bem como os seus ideais, para assim poder pisar palcos e salas cada vez maiores.
Rejjie Snow, foi o concerto que se seguiu no meu itinerário. Depois de ouvir o álbum de estreia deste rapper irlandês, “Dear Annie”, foi com alguma expectativa que me dirigi mais uma vez à sala do Capitólio. Contudo e com pena minha, não fora tão feliz nessa noite como na anterior. Para começar, Rejjie quebrou o protocolo da pontualidade que foi devido e cumprido em pelo menos todos os concertos a que assisti, subindo ao palco 20 minutos depois da hora combinada, encurtando ainda mais um concerto que, já por si, pelo seu contexto, é pequeno.
Uma vez em palco, foram muitos os momentos em que senti Rejjie algo perdido e disperso, diria até mesmo apagado, e com uma fraca projecção da sua voz que, decididamente, não chegou até mim, apesar de apreciar bastante algumas das suas músicas. Sinceramente, não me pareceu estar nas suas melhores "noites" para subir ao palco, facto que me levou a sair mais cedo e garantir o meu lugar no último e mais esperado concerto da noite:
Jungle.
A banda londrina que tão bem nos tem habituado com o seu soul electrónico, tocou para um Coliseu bem composto e disposto, onde todos nos juntámos para encerrar mais uma edição do festival. Com o seu jogo de luzes e cor, e os beats característicos dos dois álbuns que levam na bagagem, "Jungle" de 2013 e o mais recente 'For Ever' lançado este ano, foi muito fácil para o colectivo britânico pôr toda a sala a mexer, não fosse esse o mote inicial deste festival.
Os temas do seu último disco "Cherry", "Heavy California" ou "House in LA" fizeram-se ouvir, sem serem esquecidos os clássicos que nos enamoraram e nos tornaram leais a esta banda. Falo de "The Heat", "Platoon", "Busy Earnin" ou "Time", que fechou o concerto.
Houve, contudo, alguns acidentes de percurso... problemas técnicos que ocorreram já na segunda metade do concerto, obrigando a banda interromper o mesmo por 3 vezes, e ao seu público a aguardar pacientemente os minutos necessários para restabelecer a situação. Com os devidos pedidos de desculpa, os Jungle conseguiram levar a bom porto a sua performance, com o apoio de um público que apesar do infortúnio não os abandonou, aplaudindo afincadamente até ao final.